"Quanto a mim... minha alma rende-se à realidade atroz e crua que cai sobre meu sonho...ousado sonho...apoteótica queda.
O voar das migrantes borboletas e seu bater mavioso de transparentes asas, leva meu sonho...crente sonho...insano sonho.
O sonho salpicado de alma e lira, prosa e verso, aprendiz líbero de novas e anciãs dores, aninha-se taciturno, na macia almofada de desvairados sentires.
Escavo o horizonte do meu pensar, de estrangeiras janelas, de transcursos de obscuras claridades sonhadas e, nada diviso, nada perscruto, nada vejo...
A terra perdida do meu sonho prostra-se em reverência à magnitude, a desmedida força do que é real e tangível...do que é medido.
A furiosa realidade, em sucessivas e insubmissas tentativas, ganha seu galardão...e vence meu frágil e listado sonho.
Nesse embate de sedimentada realidade versus suave sonho, minha alma derrama-se em meu coração molhado de secos olhos visíveis.
Na lucidez clara dos alabastros coerentes e previsíveis da realidade, sepulto por hora meu embevecido sonho...por hora.
De nada valem os prodigiosos feitos da pretensiosa realidade sem meu perfumado sonho...todavia o sepulto em viva quimera, só minha, tão somente minha quimera de sonhos.
Se há divino e prometido sentimento palpitante de rasgos de felicidade...meu sonho regressará, sem nunca ter partido...dolente e abusado, aconchegado no canto mais bonito da minha alma que, um dia, luziu no desconsolado horizonte..."
KARINNA