___________Deserção. Hoje... não quero tua ternura Nem a beleza do teu olhar, nem tua candura Quero somente deitar-me com meus versos Ser teu silêncio ambíguo e destro E retirar-me em mim mesma, em doce clausura. Deserda-me dos teus olhos que tanto amo Pois a dor é imensa e toca fundo o meu âmago. Hoje... apaga-me das tuas rimas e ardentes palavras Consente o afastamento, sem presença... sem nada. Quero somente, em prece santa elevar as mãos Tocar com os dedos quentes o céu rosado da solidão E não me ver, no teu desejo que doura meu coração. Desata-me do teu cheiro que me alucina Do teu fogo que acende e comigo faz rima. Hoje... não consola a minha cristal lágrima Permite-a rolar e emudecer a face calma Em rotas doces de tristeza e verdades da alma. Deserta-me teus lábios que me tornam um ser volátil Das tuas mãos que acariciam meu corpo em brasa táctil. Hoje... consente que me embale na orfandade Que me esvazie de ti e das marcas que me imprimes E me esqueça, por uma noite clara, as tuas carícias sublimes. Deserto-me de ti por um fugaz tempo Pois sou tua, entre amores e lamentos. Mesmo assim... hoje sou somente efêmera , do amor amadora Sou breve abandono, sou toque morno de uma desertora. KARINNA* Karinna
Enviado por Karinna em 23/05/2009
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