Vento*
Sei-me pouco menos que um sopro. O desassossego tênue de um imenso azul no prateado da lua que me visita, permeado de abismos do sonho até o pulsar que sinto aqui na veia que delata em mim, a vida. Sei-me nada, contudo sinto-me no epicentro da feitura das paixões que movem o mundo. Divago pensamentos em claustros, trago nos lábios anseios puros. Sei-me na tonalidade do sol, pois o amor celeste me toca numa carícia. Subo todas as vertentes da partilha no afã de crescer, alcançar corações e a matéria transcender. Habito-me por vezes em ruínas e trôpega ausculto rosas deixadas nas passadeiras dos caminhos, esquecidas e esmaecidas. Entre camadas sucessivas de pó e de tormentos, vislumbro ainda o viço das verdes planícies e a bandeira que tremula ainda no cume do contentamento. Guardiã de um próprio tempo, ainda guardo segredos juvenis vigorosos, frescos e perfumados de céu claro, num denso arvoredo. É vida e me toma. Eu tomo-a e prossigo guardando-a num sudário no peito. Continuo tecendo sonhos no meu silêncio íntimo. Nas mãos ainda sinto, de Deus misericordioso, o vento. Karinna* Karinna
Enviado por Karinna em 25/12/2009
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