Rogo*
Guarda as minhas estrelas no parapeito do olhar e faz brotar as tulipas do sorriso que trazemos em comum, nessa história que iniciou sem aviso... Atravessa todas as distâncias dos nossos segredos, furiosos e intermitentes, rascunhando o perfeito tempo que ousamos e tolamente cremos... Recolhe os teares e os bordados que corajosamente mandamos à Lua, na ânsia premeditada de um dia consumar-nos nos sonhos prodigiosos, das centelhas da nossa carne nua... Enche as taças das nossas borbulhas e em tépidos goles, sorve-nos como quem sorve a esperança, num querer-se subcutâneo sem medo das tentadoras reentrâncias... Flameja as dermes, besuntadas de óleo de amêndoas, queimando olhares, bocas e mãos como incensos de sândalo num ondular de aderências... Escava todos cantos e recantos sublimes dos nossos corpos em sincronia, em giros nas cavernas, de lamparinas nos dedos, traçando atalhos sem volta, nacarados de puríssimo desejo... Talha a insegurança, destrona-a sem piedade, dá espaço ao namoro das pupilas, dos cílios enroscados dos nossos anseios de ser um do outro, suturando da solidão a ferida... Ancora as curvas das minhas ancas na tua firmeza, como se eu habitasse imperatriz no teu castelo, então tua súdita, subjugada, florada e mapeada em teus anelos... Cria a posse da realidade desse fascínio, que movediço toma-nos corpo, vida e espírito. Rogo-te. Karinna* Karinna
Enviado por Karinna em 25/05/2010
Alterado em 25/05/2010 |