Pérolas* Chove lá fora e aqui em meu peito mansa e cadenciada chuva de frias lágrimas. Os acasos desolados dessa vida me invadem os traiçoeiros pingos dessa chuva magoada me molham. A esmo, minha alma sente na ponta dos dedos a textura dessa rítmica chuva de sonhos desfeitos. E chove...e choro...por fora, por dentro. Choro pelos feitos passados, pelas novas e dilaceradas dores, pelas tatuadas velhas dores. Choro pelas alegrias intensas vividas pelas tristes tristezas presenciadas e sentidas. Choro pelo que tive e não soube ter pelo que não tive e não soube querer pelo sonho que não inventei pelo debulhado trigo que desperdicei pelos manjares que recusei pelo grito surdo do que deixei de dizer. Choro pelos amanheceres de quimeras que em mim anoiteceram sem propósito...eu choro. Prostrada estou nessa febril chuva de dores. Misturam-se águas das chuvas abençoadas do céu com as águas doloridas de mim mesma. Já não o sei o que são as chuvas ou o que são as lágrimas. Meus rasos olhos não contém essas pérolas lágrimas que me inundam. Escorrem em mim e unem-se às chuvas... num fio corrente de pérolas lágrimas... sem porto...sem parada. Karinna_______________________* Karinna
Enviado por Karinna em 07/04/2011
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