Aqui, entre novas e velhas palavras, em antigos ladrilhos, me escondo. Obscuras árvores balançam no bailar triste do vento...no sussurro entoado febrilmente pelo espinhaço da minha solidão. A lua molha o chão com seu reflexo do sol...o cristal luar alumia minha alma esquecida. Em figuras dançantes a névoa toca minha fronte...a aragem gélida da prata noite toma meus ossos. Enxergo, mas não vejo o voar cinzento de um pássaro de asas metálicas. Vejo, mas não enxergo o transcurso insubmisso da estrela cadente do meu sonho que rasante corta o infinito céu. Minha vida amanhece úmida com a garoa e anoitece seca e vazia com a escuridão. Aqui me escondo...em meio a presença ausente estabelecida pelo consenso...pela ardente realidade. Aqui me escondo e em vãs tentativas o horizonte tenta me ocultar. Pois aqui estou...faminta da palavra não dita, do macio toque não sentido. Sedenta do cálido e perfumado olhar que não vi. E fujo, sem sucesso, de mim...já me tenho como esquecida de mim mesma...mas é em vão. Minha alma, em desmedidas e ferozes germinações, escava as estelares constelações das minhas acompanhadas angústias. Às vezes, no singrar errante dos barcos no mar, vão com eles o meu lamento, o meu irreal desejar...tormentas abrasadoras açoitam as naus dos meus sentires...pungentes sentires. E o vento continua sua dança entre arabescos dos galhos das centenárias árvores e cantando sua orvalhada melodia...sussurra no ouvido da minha alma... Aqui te escondes...em vão, aqui te escondes de ti mesma... KARINNA* Karinna
Enviado por Karinna em 22/05/2011
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