Frio*
há uma vírgula dependurada
no estendal do meu horizonte
outrora reticências
talvez apegos sombreados dos anos
na curva da minha falta
sobram os pontos
entre finais, exclamações e prantos.
sou inércia agora
apenas a palavra traz um canto
quando meu olhar cegou com o brilho
da esperança de um sonho
a carência zerou o acalanto.
palavra por palavra
diluo-me nas ternuras que invento
esquecidas no ninho que fiz
no redemoinho silente dos meus cílios
não há calor nesse meu íntimo abandono.
verso azul soprou dourado
sou tom marinho
como noite esquecida de mim mesma
a lua não me quis
pois minha alma dorida
trouxe a poesia sem sentido
sem estrelas, sem simetrias...
-a ilusão trouxe-me a crueza do dia-
karinna*